Grupo de estudos da Mocidade Paz e Amor em Jesus
(MEPAJ).
Tema: Estudo do livro Os Mensageiros, capítulos 33
e 34
Domingo 08/01/2017
Há quase uma década atrás nos lançamos ao estudo dos livros da série
André Luiz, escrita pelo mesmo há mais de 50 anos e caracterizada por uma
impressionante riqueza de detalhes sobre tudo o que nos espera após o
desencarne. Hoje em dia a série ostenta uma boa popularidade, muito em parte
devido ao filme que retrata os acontecimentos do primeiro livro: "Nosso
Lar". O longa metragem foi comentado e discutido por variados meios de
comunicação e recebeu uma aceitação satisfatória do público, contribuindo
imensamente para a popularização da doutrina Espírita e, consequentemente, de
sua filosofia essencialmente Cristã.
No último domingo, quando discutíamos os capítulos 33 e 34 do livro
"Os Mensageiros", adentramos no mérito da maior contribuição que os
livros de toda a série proporcionavam, uma espécie de aprendizado comum que se
pode encontrar em todos eles. Foi constatado que esta contribuição principal
diz respeito ao estímulo à reflexão sobre as consequências post-mortem de
nossas ações enquanto encarnados. Ou seja, André Luiz nos fornece um
conhecimento seguro sobre a maneira que cada uma das nossas escolhas refletirá
no futuro, quando estivermos despojados do corpo, na erraticidade.
O valor destas informações está no auxílio que elas nos dão para
estabelecer, de forma concreta, uma conduta que seja compatível aos princípios
que seguimos. No caso dos espíritas, os princípios do cristianismo primitivo.
Uma vez que tenhamos um norte estabelecido, o conhecimento sobre os reflexos de
cada ação na continuidade da existência nos motiva a nele perseverar com uma
incidência menor de erros e uma tomada de consciência mais rápida após
inevitáveis desvios de conduta.
No entanto, a vida na terra possui uma dinâmica à parte, que parece ser
independente do que existe além dela. Assim sendo, torna-se muito fácil
esquecermo-nos da importância de honrar os princípios em que acreditamos, pois
todos os dias as necessidades materiais demandam quase toda a nossa energia.
Cria-se, então, dentro de nós, um duelo por nossa atenção, travado pela
necessidade de resolução das situações imediatas do dia-a-dia e a reflexão
sobre o nosso devir para o consequente automelhoramento - o que envolve
eliminar os maus hábitos e substituí-los por ações verdadeiramente cristãs,
tais como o respeito ao outro como a si mesmo e o amor incondicional por todos.
Este é um duelo difícil, afinal os problemas imediatos nos chamam a
atenção constantemente e são perfeitamente cognoscíveis, ou seja, sensíveis aos
sentidos; são vistos, ouvidos, sentidos materialmente. Enquanto que, o trabalho
pelo progresso moral e espiritual, se nós não nos esforçarmos para tal, nem
participa de nossos pensamento cotidianos, além disso, muitas vezes, as
sofríveis consequências da ausência de uma conduta moral e ética retas não são
sentidas na vida atual, assim como a aplicação desta moral na práxis pode não
ter consequências positivas rápidas como quer nossa noção imediatista de
recompensas.
Esta batalha interna, se não é vencida pelo prevalecimento total da
preocupação exclusiva com as questões de ordem material, dura durante toda a
nossa vida. Orgulhoso seria o encarnado que dissesse, em pleno planeta de
provas e expiações, que já venceu, definitivamente, esta ou aquela na
tendência. Muito frequentemente, quando desvanecemos nossa atenção em relação a
determinada vicissitude, a reincidência no erro torna-se demasiado provável.
Afinal, se deixamos de pensar no que estamos fazendo e para onde estamos indo,
somos fortemente influenciados pelo meio a seguir a conduta ditada pelo senso
comum. Desta maneira, nos submetemos à correnteza do pensamento coletivo, pois,
para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.
Devido ao fato de este ter sido o primeiro tema do ano, foi inevitável
relacionar está reflexão com o período de transição entre um ano e outro.
Concluímos que não é a toa que possuímos a tendência intrínseca de estabelecer
ciclos para medir o tempo. Desde os tempos mais primórdios nos utilizamos de
fenômenos repetidos para criar unidades de tempo que começa, terminam e
recomeçam, sucessivamente. Desta forma, torna-se inevitável que o encerramento
de um ciclo nos estimule a pensar de maneira mais aprofundada no rumo que
estamos seguindo em nossas vidas. Analisamos, voluntariamente, o que
gostaríamos que fosse feito e também o que desejamos deixar de fazer. E o
fazemos de uma maneira que seria muito mais difícil caso não tivéssemos uma
ferramenta como esta, pois na correria do dia-a-dia, tendemos a entrar num
ritmo frenético que nos suscita uma viciação do estado mental, repetindo certo
comportamento sem que nos demos conta. Portanto, a transição entre unidades de
medição do tempo nos proporciona uma oportunidade valiosa de quebrar com
padrões comportamentais, hábitos indesejáveis e longos períodos de inação.
Que nos utilizemos, então, dos períodos de transição como ferramentas
para nos possibilitar a mudança que desejamos. Aproveitemo-nos de todos os
instrumentos de que dispomos para nos tornarmos quem queremos ser. Neste mês de
janeiro, quase todo mundo promete mil alterações de conduta e de estilo de
vida, mas todas as promessas são esquecidas no decorrer do ano e são deixadas para
trás, mostrando o quão vazias de significado e determinação elas eram.
Portanto, este não é um período de traçar objetivos irreais, que estão muito
distantes de quem somos hoje, como normalmente fazemos. Não se trata de
estabelecermos uma situação ideal e de acharmos que em 365 dias iremos mudar
tão radicalmente. O ótimo é inimigo do bom, ou seja, quando miramos muito alto,
a frustração é inevitável. Então melhor traçarmos planos que nos permitam ser
melhores, mas que não estejam tão distantes do que somos hoje. Se assim
fizermos, a probabilidade de sucesso será infinitamente maior. Uma vez
realizada uma determinada mudança, podemos traçar outra que seja um tanto mais
ousada, afinal estaremos motivados pelo progresso recém-conquistado.
Promessas, para que sejam cumpridas, precisam ser planejadas de maneira
estratégica, nos autoconhecendo para saber quais são os nossos limites e,
assim, elencando maneiras de colocar os planos em prática. Além disso, para que
não se esvaziem de significado, é essencial refletirmos sobre as reais
motivações que nos levaram a traçar tais metas. Quando pensamos na motivação,
os permitimos renová-la e ganhamos fôlego para suportar as provações que,
certamente, teremos no decurso destes objetivos, e caso entendamos que tal motivação
já não cabe mais nos nossos princípios, podemos eleger outra para permanecer na
luta pelo alcance da mesma meta, ou até mesmo deixá-la de lado, temporariamente
ou definitivamente, para buscarmos novos objetivos.
Doravante, fica a pergunta para reflexão: "O que te motiva a
mudar?"