UMA PALAVRA DIFÍCIL DE DIZER
Todo espírita
estudioso e observador sabe que estamos vivendo o momento mais importante da
história da humanidade, o mais sério e decisivo no que se refere às nossas
responsabilidades espirituais. E percebe também que o movimento espírita
poderia estar caminhando bem melhor .
O que você, caro leitor, entende ser prioritário para o
nosso movimento?
Discussões em torno de
aspectos doutrinários? Unirmo-nos numa organização forte? Preencher aqueles
espaços que entendemos dever ocupar nas estatísticas? Provar ao mundo as nossas
Verdades? Sermos olhados com mais respeito, visando sairmos da longa
marginalização?
Estes são
indubitavelmente objetivos justos, mas, será que não estão sendo para nós um
desvio das metas prioritárias, mais urgentes e reais?
A propósito, convém
lembrar a mensagem de Jesus à Igreja de Laodicéia (a última das sete igrejas)
através de João, em suas visões na ilha de Patmos (Apocalipse, 3: 16, 17 ).
“ Assim, porque és
morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma, e nem sabes
que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”
Mas é claro que essa
advertência foi feita às outras religiões; não a nós... Ou, será que foi?...
Inspirando-nos nas
informações do espírito Manoel P. de Miranda, no livro Trilhas da Libertação,
psicografado por Divaldo Franco e, mediante outras observações, é possível
fazer a seguinte narrativa:
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“O mais poderoso dos Gênios
infernais, intitulado “Soberano Gênio das Trevas”, depois de longas análises do
movimento espírita, e de terem sido ouvidos os maiores especialistas nas mais
diversas áreas, orientou seus assessores, os Comandantes dos Setores, dizendo:
Quero que os ataques
sistemáticos contra o Espiritismo sejam muito bem organizados.
Primeiro, vamos atacar
com todas as possibilidades através do sexo, estimulando-o ao máximo,
principalmente entre os líderes, médiuns, doutrinadores, oradores e todos os
que lidam com o público. Esse é um velho sistema que sempre dá certo. Além
disso, já temos os nossos esquemas prontos. Basta adaptá-los e amplia-los de
acordo com as situações.
Agora, prestem bem
atenção porque vamos usar uma arma nova, infalível... Nova, agora, porque ela
já foi usada com pleno sucesso há muito tempo atrás.
Nós vamos mudar o
rumo das prioridades nos meios espíritas. Vamos estimular discussões em
torno de temas como pureza doutrinária, cantar ou não nos centros espíritas,
orar em pé ou sentado, de olhos abertos ou fechados, fazer ou não bingos e
semelhantes, enfim, todos os temas que podem gerar belas polêmicas, para que
não sobre tempo nem energia para cuidar da nossa maior inimiga... a ...
A palavra engasgava na
boca do chefão, enquanto a platéia aguardava, curiosa. Por fim desistiu de
pronunciá-la, continuando:
Quero também que
estimulem o estudo da Doutrina...
Essa recomendação do
Soberano deixou estupefatos todos os presentes, mas ninguém teve coragem de
fazer qualquer observação. Rindo desagradavelmente, aquele ser tenebroso
continuou:
- Procurem acompanhar
meu raciocínio. Os espíritas valorizam muito esse estudo. Então, se é
impossível leva-los a abandoná-lo, que seria o ideal, vamos aproveitar essa
característica para nosso benefício. Vamos estimular verdadeira febre de
estudo. Deixá-los com a cabeça cheia de conceitos... tão cheia que esqueçam da
nossa maior inimiga, a ...
A palavra novamente
estava difícil de ser pronunciada. Todos estavam pendurados na fala do chefão,
curiosíssimos para saberem qual era afinal essa terrível inimiga. Com
dificuldade, o chefe concluiu:
- A ... reforma...
moral.
Os Comandantes
olharam-se, quase não acreditando em tanta astúcia na organização da maior
estratégia de todos os tempos em sua luta contra a luz. Quando refeitos, todos,
sem exceção, atiraram-se ao solo, genuflexos diante do Soberano. Este mandou
que levantassem e continuou:
- Levem os espíritas a
acreditarem que ela... a ... nossa inimiga é tão difícil de ser alcançada que o
Criador estabeleceu a reencarnação, como um caminho longo, interminável... para
que nesse caminho a criatura tenha todo o tempo da eternidade para atingir
aquela... meta.
Desta vez foram palmas
estrondosas que estrugiram no ambiente. O soberano sorriu de novo, mais um
esgar do que um sorriso e continuou:
- Não se esqueçam de
que foi essa a arma com que vencemos o cristianismo nos seus primeiros séculos,
transformando-o numa organização religiosa, muito preocupada com tudo menos com
a vivência das “tolices” que o Cordeiro ensinou. Foi assim que conseguimos
atenuar os seus efeitos, já que era impossível acabar com ele.
E, lançando um olhar
de aço em torno, concluiu:
- É isso que vamos
fazer... Já que é impossível acabar com o Espiritismo, vamos atenuar os seus
efeitos.
- Outra coisa. Façam
os espíritas acreditarem que a tal da... a ... reforma... moral... pode ser
substituída por estudos e por trabalhos de caridade... Eles vão gostar da
idéia... e vão adotá-la.”
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Lembramos então aos
que dirigem, lideram ou trabalham nesta seara que aquele nome tão difícil de
ser pronunciado pelo Soberano Gênio das Trevas, a reforma moral, deve
ser a primeira prioridade do movimento espírita; deve ser a nossa bandeira de
luta, a maior de todas as batalhas, que precisamos vencer.
E, por favor, não diga
que esta é uma tarefa pessoal de cada um e não uma atribuição da instituição
espírita. A instituição, desde o Centro até as entidades federativas, estas
últimas acima de todas, têm o dever de promover com todas as suas
possibilidades a reforma moral, ou crescimento interior do seu “rebanho”, já
que esta é a principal finalidade do Espiritismo.
Não estamos falando do
que já se faz. É preciso fazer-se muito mais.
Se as nossas
imperfeições são condicionamentos que adquirimos ao longo das encarnações, para
corrigi-las teremos de passar por um recondicionamento. E isto não se consegue
com meras leituras, palestras e exortações. É preciso ação. Uma ação
programada e permanente. Uma programação de ações e atitudes que formem um
roteiro, capaz de produzir os resultados esperados.
O Espiritismo deve ser
uma escola técnica, onde a teoria é aplicada em aulas práticas, ou oficinas.
Sem falar de alguns
esforços localizados, entendemos que o movimento espírita, como um todo, está
precisando ser atualizado com urgência. Não, no que toca ao marketing
religioso, mas no que diz respeito a ajuda-lo em seu crescimento
moral-espiritual. Ver o que há de bom nos meios leigos relacionados a cursos,
técnicas, práticas, educação da mente, enfim, tudo sobre auto-ajuda, que possa
ser adaptado aos fins propostos. Elaborar sugestões de atividades e técnicas
para os Centros poderem efetivamente ajudar seus trabalhadores e demais
interessados.
Neste momento é
fundamental realizar-se uma grande campanha de âmbito nacional, usando todos os
meios possíveis para despertar o nosso movimento, a fim de que fuja ao jogo
estabelecido pelas Trevas e caminhe firmemente na direção apontada pelo
Espírito de Verdade.
Será que o fato de
saber que Jesus veio em corpo físico e não fluídico vai ajudar alguém a ser
menos prepotente e vicioso, ou auxilia-lo a superar seus medos, suas angústias
e depressões?
Será que acreditar na
virgindade de Maria vai tornar alguém pior do que é?
Calcule o quanto o
movimento espírita já teria ganho em qualidade se os esforços e espaços hoje
ocupados com polêmicas tivessem sido usados em campanhas pela reforma interior.
Iluminar o intelecto
com as claridades da Doutrina Espírita é importantíssimo, mas essas atividades
iluminativas jamais deverão ocupar o lugar da prioridade maior, o trabalho pela
reforma moral.
Observemos que Divaldo
Franco, de alguns anos para cá vem batendo nessa tecla da ação programada, ou
seja, uso de técnicas de auto-ajuda que auxiliem o homem em seu crescimento.
Cremos que é disto que
estamos mais precisando: voltar nossas vistas, nossos esforços para essa meta.
Fazer do crescimento interior a primeira e maior de todas as prioridades e,
tudo isto, buscando recursos que a modernidade oferece, que possam efetivamente
ajudar a pessoa, tanto em sua reforma moral, quanto no seu crescimento como ser
integral.
Não é essa a
finalidade primordial da nossa Doutrina?
Saara Nousiainen
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